Pokémon: Exemplo de como Trabalhar Desenvolvimento Sustentável em Animes Desde a primeira saga, anime trabalha temas que fazem o público refletir sobre a importância do desenvolvimento sustentável.

Vitor Nascimento
(Podcaster)
@ifusic
©The Pokémon Company

Pokémon tem um histórico de defender a sustentabilidade e a natureza. Isso é nítido na série. Hoje, vamos analisar um episódio da primeira temporada, “Em Busca dos Diglett!”, para mostrar como isso é importante e ajuda a sensibilizar o público quanto a questão ecológica.

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 

De acordo com o Relatório de Brundtland, o desenvolvimento sustentável é o que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades.

Para o relatório, essa sustentabilidade não deve colocar em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, o solo e os seres vivos.

O anime conta a  história da caminhada do protagonista Ash Ketchum e Pikachu (em companhia de Brock e Misty) em sua jornada para se tornar um mestre Pokémon. Durante a aventura, é recorrente Ash encontrar os vilões da série Jessie, James e Meowth que cometem diversas trapalhadas para roubar Pokémon alheio.

ANÁLISE 

A análise foi feita através do percurso gerativo do sentido desenvolvido por FIORIN, 2000. Segundo o autor, o percurso gerativo do sentido é uma sucessão de patamares que mostra como se produz e interpreta o sentido.

O episódio escolhido foi “Em Busca dos Diglett!” referente ao número 30 da primeira temporada de Pokémon (listagem disponível no Netflix).

AMBIENTE 

As personagens estão em uma região onde existem muitas montanhas e florestas. Lá estão Misty, Ash e Brock.

SEQUÊNCIA 

Nessa mesma região começam a acontecer terremotos que prejudicam as personagens. Esses tremores também viram carros que estão nas estradas.

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Após isso, aparecem os Diglett e Pikachu resolve conversar com um para entender a situação.

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Então, o aparente chefe da obra reclama que os Diglett estão destruindo tudo.

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Ele também reclama que os Diglett estão o impedindo de realizar seu sonho de construir a represa.

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Após apresentar o problema, o chefe da obra convence Ash e outros Treinadores Pokémon a combaterem os Diglett, a modo de obterem uma recompensa. Então, várias pessoas se reúnem para ver o que o mestre da obra tem a dizer. O chefe mostra a imagem de um Diglett e se refere a ele com temor.

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O rival de Ash, Gary, contesta o chefe e mostra que tecnicamente a sua fala é um exagero. No entanto, Diglett aparecem e começam a destruir os carros novamente. Os treinadores tentam enfrenta-los, mas não conseguem. Os pokémon dos treinadores se recusam a combater os Diglett e os mesmos também são benevolentes e devolvem as pokébolas aos treinadores.

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Misty acha que tem alguma coisa errada. E não entende porque os Pokémon não queriam sair de suas pokébolas. Ash concorda, pergunta para Pikachu, que indica os Diglett. O rapaz e seus amigos começam a segui-los e descobrem que estão arando a terra junto com Dugtrio. Brock entende a situação e explica que enquanto os Diglett aram a terra, os Dugtrio plantam as sementes. Brock ainda fala que parece que toda aquela região e talvez o mundo fazia parte do ecossistema dos Diglett e Dugtrio. Misty se emociona ao pensar que todas as florestas do mundo são criadas pelos Pokémon da situação.

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O chefe de obras aparece triste também. E percebe que se construir a represa, toda a floresta de montanha será coberta por água e nada poderá viver ali. Brock e Misty percebem o motivo pelo qual os Pokémon não conseguiram sair das pokébolas e entendem que tem muito a aprender com os próprios. Então, o chefe diz que o projeto está cancelado e que não irá construir a represa

A Equipe Rocket então aparece para atacar os heróis da história e é surpreendida pelos Diglett e Dutgrio que os mandam embora. Em contraste com a Equipe Rocket, o chefe de obras diz que aprendeu a lição.

NÍVEL FUNDAMENTAL

Conforme FIORIN, 2000, a semântica do nível fundamental abriga as categorias semânticas que estão na base da construção de um texto. No começo da narrativa, os Diglett são retratados de maneira negativa com base na oposição entre caos e ordem. Logo, o caos e a destruição causados pelos Diglett são representados de maneira disfórica. A narrativa também é toda tida na oposição entre progresso e natureza, sendo a mesma representada na narrativa como eufórica.

As personagens no final da trama ao perceberem a função dos Diglett, e o motivo pelo qual os Pokémon não queriam enfrentá-los, veem nos próprios Diglett a euforia, algo positivo.

NÍVEL NARRATIVO

Tendo como referencial o protagonista Ash.

1 — Ele sofre manipulação feita pelo chefe da obra por tentação. Ou seja, foi tentado por um objeto de valor positivo para dar um jeito nos Diglett.

2 — Na fase da competência, Pikachu se mostra valioso e mostra para Ash que ele não deve atacar os Diglett e isso o leva a chegar ao seu objetivo.

3 — Na fase da performance, Ash usa os conselhos de Pikachu, Brock e Misty para chegar ao entendimento de que os Diglett promovem o nascimento das florestas no mundo.

4 — Na sanção. Ash constata o quão importante os Diglett são para o ecossistema do mundo. Junto com ele, o próprio chefe de obras é representado de maneira positiva depois de ter entrado em conjunção com a ideia de não construir a represa.

A maioria das personagens parecem em conjunção com o conhecimento que não tinham sobre os Diglett e isso os faz pessoas melhores. O momento da conjunção (refletindo no nível da manifestação) é representado de maneira categórica pela música angelical que toca na hora que Brock e Misty chegam ao seus entendimentos. Isso é feito de maneira antagônica com o chefe de obras, que reflete sobre o que aconteceria se a represa fosse construída. Em sua imaginação diversos Pokémon são dragados pelas águas da represa.

CONCLUSÃO

Com base nessa análise, podemos entender que esse episódio de Pokémon nos leva a uma caminhada para compreendermos melhor a natureza e buscarmos por vezes caminhos mais sustentáveis. Essa ideia é feita através de representações negativas da ganância do ser humano e por representações positivas da natureza. Fazendo assim uma oposição no nível fundamental do progresso inconsequente com a vida no Planeta Terra.

Diversos outros episódios falam sobre causas ambientais, como “Tentacool e Tentacruel” — que tem relação com a construção de obras litorâneas e “Faíscas voam pelo Magnemite” que tem como tema a poluição do ar e da água.

Referências:

Famitsu, ●全世界注目の発売日は2013年10月12日(土)!. Disponível em: <https://www.famitsu.com/news/201306/11034770.html&gt>. Acesso em 6 de novembro de 2017.

FIORIN, J. L. Elementos de análise do discurso. 9. ed. São Paulo: Contexto, 2000. 93 p.

United Nations, General Assembly. Disponível em: < http://www.un.org/documents/ga/res/42/ares42-187.htm&gt>. Acesso em 6 de novembro de 2017.

Pokémon, Em Busca dos Diglett!: Temporada 1. Reprodução: Netflix. Data de realização: 1999.


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