Sabemos que é ano novo, vida nova, etc, mas também podemos iniciar este novo ano com um sucesso do anterior: Alice in Borderland finalmente ganhou sua segunda temporada, mas não será dela que falaremos agora. Imawa no Kuni no Alice é o nome do mangá em que se inspirou o live action e também do foco do nosso assunto hoje, o OVA de três episódios lançados em 2014-2015 pelos estúdios SILVER LINK. e Connect.
Sinopse:
Arisu Ryouhei vai deixar o ensino médio em breve, mas ele está tentando evitar pensar sobre o seu futuro. Tarde da noite, quando ele está saindo com seus amigos Karube e Chota, eles veem fogos de artifício. Depois de uma explosão ofuscante, encontram-se acordados em um mundo diferente. Nessa “Fronteira”, as pessoas são forçadas a participar de jogos potencialmente mortais ou simplesmente morrer. Será que Chota, Karube e Ryouhei serão capazes de sobreviver neste mundo novo perigoso, e existirá uma maneira para que eles possam voltar para as suas vidas originais?
Antes de mais nada, é importante deixar bem destacado que falaremos sobre o OVA e a experiência de vê-lo individualmente, sem buscar comparar com a série da Netflix e mesmo que use as referências do live action, é apenas por ser o meu contato pessoal com a história, já que não li o mangá.
Dessa forma, iniciaremos falando do contexto geral do OVA: ele me pareceu apenas um bônus oferecido pelo estúdio para quem acompanhou o mangá e gostaria de ver como seria a animação, porque a sua história acabou por ser bastante incompleta e sem justificar muito de suas situações destacadas.
Para quem conheceu a história através da série, como é o meu caso, ou para quem acompanhou o mangá, tudo faz sentido por sabermos os contextos e onde tudo vai engrenar, porém quem resolve ver o OVA sem nenhum conhecimento prévio vai pensar que são só umas situações isoladas de pessoas lutando pela vida em jogos mortais, sem saber qual é o real objetivo, quais os destinos dos sobreviventes e nem como tudo começou ou como vai continuar.
E tudo isso é uma pena, porque a animação tinha muito potencial, sobretudo ao mostrar graficamente os pensamentos de Arisu ao tentar refletir sobre as complexas regras dos jogos, aqui eles fizeram muito bem e é algo que um live action não consegue mostrar.
Enfim, sobre seu enredo, ele entrega apenas uma pequena parte do grande todo que é Borderland. São vários jogos de vida ou morte em que os jogadores enfrentam não apenas seus adversários, como também a si mesmos em seus próprios dilemas, porém a animação só resolveu abordar três deles (no qual o último é o mais triste de todos) e não traz mais nenhum outro contexto. São várias pontas soltas que terminam como se um dia tivéssemos alguma continuação de tudo isso, mas não tivemos (ainda). Os personagens não são desenvolvidos, os jogos são explicados de maneira rasa, os dilemas não se justificam pela falta do desenvolvimento e o objetivo geral também não é aprofundado, tornando tudo esse “bônus” do mangá que citei.
E essa “quebra” pela metade (ou início mesmo) não tem muita justificativa, pois o mangá já estava em lançamento há, pelo menos, 4 anos. Ainda que a notícia na época de seu lançamento diga que só iriam adaptar os volumes 12, 13 e 14, os episódios dão a introdução da história, mas nenhuma outra informação essencial para se tornar uma adaptação completa é dada.
Alguns exemplos do que fica sem explicação, para quem só vê o OVA (e aqui já vem um spoiler) é o que aconteceu no passado de Arisu para que ele fosse tão complexado sobre sua vida? Quão profunda é essa amizade do trio para seus amigos escolherem se sacrificar? Quem é aquela garota misteriosa? Porque esses jogos acontecem? Quem são os jogadores e quem são as mentes por trás de tudo? O que vai acontecer agora com Arisu sem os seus amigos? Eles vão ficar presos ali e nada mais acontece? Como se sobrevive naquele lugar? Enfim, muitas perguntas essenciais que não têm resposta no OVA e que torna algo incompleto. Infelizmente é um potencial perdido, mas ainda resta a esperança de continuarem (ou reiniciarem) por conta do hype da série live action.
Nem opening e uma trilha sonora existem ali, de tão rápido que tudo acontece. Você assiste e termina com a sensação de estar faltando alguma coisa, de que tudo não passou apenas de uma introdução para algo muito maior que jamais saberemos porque nunca continuaram.
E, mesmo sabendo que o OVA só tinha três episódios, eu ainda fui na expectativa de trazerem algo mais fechado e alguns elementos do mangá que não foram adaptados na série, o que gerou ainda mais decepção. Por isso, vale muito mais à pena buscar o mangá completo e assistir a série da Netflix, sobretudo por serem mídias diferentes. O mangá possui elementos que a série não tem, enquanto a série traz para a tela em ação a história principal e muitos contextos do mangá (e de maneira muito bem feita, aliás).
Sendo assim, deixo aqui minhas considerações e espero que comentem aqui se já sabiam dessa adaptação em OVA, o que acharam e se leram o mangá ou assistiram a série, vamos todos compartilhar um pouco sobre essa excelente obra que era quase desconhecida até pouco tempo atrás.
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