O remodelo da imprensa do entretenimento Entenda o que está por trás do fracasso da imprensa do entretenimento

Josué Fraga Costa
(Redator)
O remodelo da imprensa do entretenimento
©AnimeUnited

Em 2023 trouxe em meu 44º texto um pouco sobre o que a imprensa tem feito em relação a censura, principalmente relacionado ao entretenimento envolvendo animes e mangás, quando quiseram proibir a exibição de Assassination Classroom numa escola, alegando que ‘não queremos que os alunos pensem que não há problema em matar seus professores’. E é claro que isto chegou na grande imprensa, querendo de alguma forma “conscientizar” aos pais sobres os “perigos” da obra, “coincidentemente” durante o sucesso de vendas dos mangás na época que já era notório.

Eu cheguei a escrever no texto em questão que: “e é um recado para turma do cancelamento, nome bonitinho para assassi**to de reputação, uma hora este bumerangue volta pra você muito mais forte, como dizem num conto sobre o governo na**sta: vieram buscar o judeu, mas como eu não era, não me importei, buscaram o cigano, o cristão, outro dia me buscaram e não tinha a quem recorrer”.

E cá estou dois anos no futuro vendo que o bumerangue voltou mais forte do que nunca, e não fui filho da mãe Diná, apenas usei a lógica básica do que ocorreria, e não é que eu estava do lado da razão?

Assassination classroom
©Assassination classroom

O meu último entrevistado na Anime United, Lucas Miagusuku, na série de entrevistas com os dubladores de Frieren, sendo bisneto de uma japonesa, explanou sobre o sucesso mais recente que as obras orientais estão vivenciando no Ocidente, mostrando os lastros que impactam a cultura japonesa no estrangeiro, como a comida, os lugares, além de traços da sociedade nipônica.

A grande realidade é que nos cansamos de tanta lorota que remoíam os mesmos tópicos, ou o descuido doloso com nossa cultura, além de uma militância que vem aparecendo nos últimos anos, em jogos, animações, filmes, séries, documentários, música, e por aí a lista vai. E como o mercado é uma entidade viva e incontrolável, quando o consumidor cansou-se disto e foi buscar o que lhe era de real interesse, não hesitou de onde queria consumir, no caso, o Japão.

Mas assim como nós da Anime United, e de sites semelhantes, há quem noticie sobre o entretenimento, mas com outros objetivos em mente e apoiados por entidades com backgrounds “sugestivos”, para dizer o mínimo, uma destas sendo o Nerdbunker, que recentemente foi assunto, o qual discutirei hoje, e sim, tudo isso foi o preambulo da silva.

Frieren e a Jornada para o Além
©Frieren e a Jornada para o Além

O Nerdbunker foi fundado dentro do Jovem Nerd em 2018, e acho que não preciso falar quem eles são, certo? O Nerdbunker sendo o braço da imprensa no grupo, que se direcionou para matérias, informes gerais, entrevistas, como nós da Anime United. Só que se tornou do conhecimento do público que foram adquiridos pela Magazine Luíza em 2021 como “parte da estratégia do Magalu de expandir sua presença digital e fortalecer seu ecossistema de mídia e publicidade”.

Temos aqui logo de cara um problema de interesses, já que a Magalu queria expandir seu mercado para um público mais jovem, mas é de conhecimento público do envolvimento com entidades políticas de Luíza Trajano, dona da Magazine Luíza, como o Grupo Mulheres do Brasil, que diz lutar pela “igualdade entre sexos e raças”, além de atuar indiretamente no atual Governo Federal por parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Pois desde a aquisição do Jovem Nerd pela empresária brasileira, algumas matérias estranhas vêm ocorrendo no portal Jovem Nerd, que recentemente se tornou parte do noticiário do entretenimento, por demitir cerca de cinco integrantes do portal, como parte de uma reestruturação do grupo. Matérias como um alto teor de viés político, e se você não acredita em minhas palavras, olhe alguns títulos de matérias que vem sendo publicadas no site;

  • Gay, graças a Deus!’;
  • ‘Luiza Sonza no Fantástico e bolsominions contra o Bis’;
  • ‘O amor trans-forma’;
  • ‘Expondo Neymar e o excrementíssimo inelegível’;
  • ‘Luíza Trajano e as mulheres do Brasil’.
O Distrito dos Lampejos
©O Distrito dos Lampejos

Até mesmo uma matéria com a dona do grupo foi forçada goela abaixo dos leitores, mas é até “lógico”, quando se comparar com matérias envolvendo política e sexualidade, num portal que nasce em 2002 para falar do que todos nós nerds de fato queríamos ouvir, análises, conversas cheisa de irreverência daquilo que tanto gostamos, filmes, séries, jogos e animações.

Eu até imagino o que o DS falaria para mim caso eu quisesse falar da vida pessoal dele em matéria aqui, certamente logo após a pergunta, eu já tomaria um pé onde mais dói. O choque de interesses aqui está muito claro, quando um site voltado para o público nerd começa a ser enchido com tudo quanto é militância apoiada pela dona do portal.

Fiz uma matéria aqui mesmo em janeiro falando sobre O Fim do DEI, destaquei as falas de Mark Zuckerberg “alegando um forte viés nas “moderações” de Facebook, Instagram e WhatsApp, “coincidindo” com a volta de Donald Trump à presidência dos EUA, citando até mesmo que “membros do partido democrata, do agora ex-presidente Joe Biden, ameaçavam a empresa de rede para derrubarem postagens envolvendo memes contra o partido americano. ”

AnimeUnited
©AnimeUnited

Veja que não chamei presidente A ou B de alguma alcunha que os denigra, muito menos ao falar do Black Lives Matter e Me Too (dos quais eu discordo veementemente), citando-os como ‘grupos sociais’. Não é por ser uma divindade na Internet, pois não sou, mas é colocando os pingos nos is e chamando pelo que são, que até outro dia, era regra do jornalismo, que claramente foi profanada nos exemplos que dei anteriormente neste texto.

E o problema não é ter uma visão de mundo, eu mesmo sou um liberal clássico que se identifica com Von Misses e não tenho medo de falar sobre, até aí, nada mortal ou divisor de águas, e saibam que a Anime United é composta por todo tipo de gente, só não temos ainda pessoas do Sul ou estrangeiros, mas de cristão a agnósticos, nordestino a goianos, pretos, brancos, e uma mistura confusa dos dois e uma adição indígena, este último sendo eu, e junto com um dos pauteiros, somos dois vascaínos sofredores e cansados, temos de tudo!

E não falei como compliance ou diretiva do nosso cabeça DS, e sim mostrando pôr a+b que ter uma visão de mundo, preferência política ou financeira não interferem no que somos aqui e no que passamos para vocês como leitores de nossas matérias, ouvintes de nossos podcasts e entrevistas no UnitedCast, ou expectadores em nosso YouTube.

UnitedCast
©UnitedCast

Muito menos somos vendidos a quaisquer grupos político-sociais, pautas e agendas, nem somos ditados no ponto, como uma certa “jornalista” de um certo canal fechado em 2018, entrevistando um presidenciável. Quando abro um site da concorrência, como a turma da Você Sabia Anime, não espero ver uma matéria sinalizando virtudes e defendendo pautas políticas, quero ver sobre animes e nada mais!

É tão difícil assim para essa turma entender a isto? O Jovem Nerd teve grande relevância em nosso meio há 15 anos, hoje não é uma tenra fumaça da chama que ardeu outrora, e se envolver politicamente foi a pior escolha que puderam fazer, se livrando de público dos mais fiéis, por conta de dinheiro vindo de uma corporação sem alma ou afeição por nós e nossa área.

O outro problema crasso aqui foi a compra de um portal por uma empresa totalmente despreparada no assunto, ou no mínimo, com más intenções em mente. Imagine uma empresa equipe de corrida como a Ferrari na F1 ou Penske na Indycar, comprando uma fazenda de criação bovina, sem conexões quaisquer com suas atividades principais, faria sentido?

Hime Kishi wa Barbaroi no Yome
©Hime Kishi wa Barbaroi no Yome

Das duas uma, ou a coisa desmoronará de maneira cinematográfica, ou usarão aquilo para algo escuso. É a lógica mais pura e direta que são disponibilizados, e não precisa de um QI 200 para compreender a situação. O Nerdbunk acabou sendo o elo mais fraco da equação, e por uma operação deficitária, a equipe foi dissolvida, e ainda não se sabe o que ocorrerá com ela.

Logo, num grupo imenso como a Magazine Luíza, o que não estiver gerando dividendos para a operação, vai para a guilhotina. Não é um problema ter patrocinadores para uma operação, mas os tê-los como pauteiros e donos? Foi um tiro no pé!

Faço este texto, não feliz com a situação, pois como eu disse, o bumerangue volta mais forte, e o chicote só muda de mão, mas por meio dela venho alertar a classe de jornalismo do entretenimento, seja de games, filmes e séries, animes e mangás, seja do mundo pop, músicas e afins, NÃO SE PROSTITUAM!  Não fiz uma série de textos atoa sobre a Guerra Cultural, que pretendo transformar num livro no futuro próximo, fiz como um alerta primeiro para a base de fãs, que consomem de nossos textos sobre animes, mangás e cultura japonesa, e depois, para a nossa classe que produz este material.

Chainsaw Man
©Chainsaw Man

Eu canso de ver estes que se dizem imprensa falarem sobre “liberdade de expressão com responsabilidade”, simplesmente desrespeitarem o conceito e começarem a se profanar com política e assuntos que não lhe dizem respeito, fazer matéria sobre o Neymar e o excrementíssimo inelegível? Estavam falando do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro? E ainda querem me ensinar a ter responsabilidade com a liberdade de expressão? VÃO CHUPAR UM PREGO! Chega a ser patético, além de querer insultar a nossa inteligência.

Estou vendo um padrão se formando há anos na imprensa, onde encontram pretextos para se falar de algum assunto no qual não lhe dizem respeito, e isto está sendo carregado para games, filmes e séries fracassadas, que simplesmente traem sua audiência por migalhas.

“Árvore seca que não produz de nada serve a não ser para ser cortada e queimada no fogo Mateus 3:10″, até a bíblia (crendo ou não), já se tinha alerta sobre isto. O nosso fruto é a busca por informações verossímeis e confiáveis, como as entrevistas que fiz com a Jacque Souza, Lucas Miagusuku e Maria Clara, os três protagonistas de Frieren, ou mesmo as análises sobre animes e mangás que trazemos aos tantos, principalmente na época de estreia das temporadas.

O Detetive da Mesa de Jantar
©O Detetive da Mesa de Jantar

Não estamos aqui para impor algo, muito menos tentar te convencer de qualquer coisa, ou mesmo, trazer uma visão que não nos pertence vindo de algum terceiro, estamos aqui para nos comunicar e gerar pontes que nos ligam a você, nosso público. E no dia que pararmos de ser isto, cairemos no ostracismo, pois sem público é ser como um carro sem combustível.

Já disse em outros textos, e repito, TENHAM A IDEOLOGIA QUE FOR, mas não transformem sites e demais portais na Internet (como são os grupos e páginas de redes sociais) em casamatas para sua ideologia, permita que seja uma Ágora grega, onde as pessoas chegavam e discutiam das mais variadas coisas, e dali grandes filósofos, figuras religiosas, artistas e políticos saíram.

Podemos falar de WindBreaker e a androginia de Tasuku Tsubakino, que sendo homem, se identifica e veste como mulher. Perceberam que não há no Ocidente alguém falando sobre isto e puxando a pauta de sexualidade envolvendo a Tsubaki? Ou em Licorys Recoil, quando tinha um casal homossexual de suma importância para a trama, e nenhum destes grupinhos que conhecemos por aí, abriu o bico para mencioná-los?

WindBreaker
©WindBreaker

Nunca vi puxarem sardinha para o Pretty Pretty Prisioner ao citar um personagem gay interessante e bem carismático, apesar de ser caricato, mas, quem em One Punch Man não é caricato? E sabem qual a razão disto? É que nenhum dos citados foi criado ou usado para a militância do ‘Pink Money’, ou seja, não encaixam na narrativa.

Logo, forçaram uma barra enorme com a Yamato, que tinha memórias masculinas, sendo mulher, mas quem acompanha One Piece sabe bem que isso em nada tem com ‘trans’ qualquer coisa, e por ser uma personagem gigante, quero dizer literalmente, com 2,63 metros de altura e muito respeito, em uma obra gigante que surgiu quando eu era um bebê, e agora sendo adulto ainda não terminou, a coisa simplesmente deu para trás de maneira épica.

Vão falar a respeito do Nerdbunker o seguinte: reestruturação, remodelação, reposicionamento, os R’s mais genéricos de uma corporação. Quando que sendo direto, a relevância deles acabou pelo óbvio, e como uma corporação não possui alma e sim resultados, aqueles que faziam parte disto foram dispensados sem mais nem menos, como um ovo podre da cartela.

One Punch Man
©One Punch Man

Eu sei que eu faria falta para a Anime United, com as entrevistas que trouxe aqui, bem como as opiniões e listas da minha querida Bolinho de Arroz e Darkflamemaster, o ecchi incontrolável do Eric, os mangás variados do Welerson, as primeiras impressões do Daniel, os retoques na redação do PH e meus, o chicote que estrala e nos mantém na linha da nossa pequena grande Ana Paula, e vez ou outra, textos do Josenilson Vinícius e do nosso decano, Alexandre Kurt.

Somos humanos, fazemos parte do mundo e temos alguma influência e participação na vida daqueles que nos leem regularmente, e é o que falta em alguns comunicadores de sites maiores e graúdos, a falta de serem mais embasados e realistas, e menos corporativistas.

Temos histórias para contar, pessoas para entrevistar, análises a serem feitas, e não podemos abandonar esta comunicação, principalmente, deturpando o ideal da comunicação, por migalhas da miséria. A comunicação é algo essencial numa sociedade verdadeiramente livre, como disse o Capitão Price em Call of Duty: Modern Warfare II: “Isto é para registro. A história é escrita pelo vencedor. A história está cheia de mentirosos. Se ele viver e nós morrermos, a sua verdade será escrita — e a nossa estará perdida. A verdade dele será a verdade. Mas somente se ele viver e nós morrermos. “

Call of Duty 4: Modern Warfare
©Call of Duty 4: Modern Warfare

Entrei para este meio por que tenho uma lista ridiculamente extensa de assuntos da área que não eram meramente citados propriamente, animes não tão conhecidos não eram analisados de forma alguma, grandes obras não eram expostas corretamente, e vim para mudar isto. É uma responsabilidade grande, mas ou o nosso meio compreende isto, ou definhará por culpa própria.

Não me admira ver pessoas desgostando do jornalismo e de jornalistas, é isto que vem nos atrapalhando em tudo, e que está deteriorando nossa área. Ou a militância, o proselitismo e envolvimento com grupos político-sociais acabam, ou este mesmo monstro acabará com vocês!


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