Ficha Técnica – Dusk Beyond the End of the World (Towa no Yuugure)
Gênero: Fantasia, Sobrenatural, Drama, Slice of Life
Estúdio: P.A. Works
Diretor: Naokatsu Tsuda
Origem: Original
Data de estreia: 03 de outubro de 2025
Eu sempre tive um fascínio por animações originais, pois traziam algo consigo que valorizo numa obra fictícia — a capacidade criativa sem bases óbvias. Por vezes eu já trouxe aqui o quanto sou fã das Merrie Melodies, da vasta gama de projetos da Hanna-Barbera, e outras obras que não eram baseadas na literatura, ou em qualquer material.
Não saber o que vem à seguir, sempre deixa uma boa sensação no aguardo pelo próximo episódio. Ver também até onde vai a criatividade do enredo, traços diferentes e singulares, me deixa numa situação diferente, em relação a obras adaptadas. Melhor ainda, é ver o quanto que algo pode te surpreender do nada — é fácil nos animes vermos quais são os grandes favoritos à atenção do público, e se não cometerem o mesmo erro da terceira temporada de Nanatsu no Taizai, é certo que terão sucesso.
Por isso prefiro ver mais a questão da criatividade bruta que há por trás das obras originais, e quando as temporadas começam, faço questão de pegar estas animações e trazê-las para vocês que nos leem. Só que nesse caso, receio em ter encontrado uma obra não tão atrativa quanto imaginei, ainda mais com o assunto principal do enredo, a IA.
Já trouxe aqui há três anos a análise da animação original Yurei Deco (aqui), onde o mundo era dominado pela eletrônica, com foco na realidade aumentada. As alegorias usadas no mundo foram muito bem boladas, ainda mais reforçadas pela literatura — já que Tom Sawyer, personagem criado pelo grande escritor Mark Twain, é usado aqui como sendo o mundo de Yurei, e ao mesmo tempo, a estrutura da obra. Já que ambas as personagens principais seguem ao mesmo arquétipo de Tom Sawyer e Huckleberry Finn, personagens do livro.
O gigante com olhos em todos os cantos seria uma referência ao Big Brother de George Orwell, e as comparações com as curtidas e reações das redes sociais, compõem um cenário interessante, apesar do final mau explorado e não tão bem executado. Mas a animação feita pela Science SARU, tornou a experiência digna de um anime original, bem diferente do habitual.
Alegorias são bem vindas, e transformam a experiência da obra, para além do audiovisual. Bucchigire foi outro original que trouxe tanto as primeiras impressões (aqui), quanto a análise completa da obra (aqui). Nomes como o de Yasuharu Takanashi, compositor da trilha sonora de Naruto Shippuden e Fairy Tail, estavam por trás de uma obra cheia de personalidade, com animação de ponta, enredo inspirado em figuras reais do xogunato. Agora, com Towa no Yuugure, não posso traçar um paralelo de igual significado.
Os traços são interessantes? Diria que sim, não são tão convencionais, apesar de não estar no mesmo nível de Yurei Deco. A animação não é travada, apesar de que há quadros com faces sem expressões. Mas e o enredo? Aí que está. Uma animação original, sem algum tipo de respaldo midiático, tem de mostrar logo de cara ao que veio, e ser sucinta em sua proposta.
A obra já começa em 2029, e avança num piscar de olhos para 2038. Temos dois jovens prodígios aqui, Akira e Tawasa, Tawasa sendo uma “irmã” mais velha para Akira. Ambos crescem, ela sendo uma programadora voltada para andróides e IA, e ele, seguindo os mesmos passos. Um salto de 10 anos no futuro os deixam crescidos, se é que você me entende.
Um sente atração pelo outro, a um ponto meio… digamos… visível, até mesmo para as IA que ambos usam no dia-dia. Há uma cena no minuto 07:21 (foto abaixo) , onde ela vendo fotos dele, fica corada — logo ela pede para a IA silenciar durante um momento, ela vira para o lado na cama…o urso na frente dela tampa tudo, até você ouvir o que parece ser um zíper se abrindo — o próximo frame é reveladora para qualquer um com dois neurônios funcionando, quando ela lava as mãos. Acho que não preciso falar o que aconteceu aqui, certo?
Aí um começa a ter coragem para se confessar ao outro, e finalmente namoram. Só que o episódio termina com ambos sendo alvejados por tiros, mas com Akira sendo o mais ferido de ambos. Conclusão, ambos não tem uma cena de amor, ou nada do tipo, e acaba tudo com ele criogenizado para o futuro, sem a amada.
Eu já não sou chegado a romances, e estava já esperando pelo menos uma catarse para animar o episódio, que estava meio maçante por conta desse namorico pegagozo… quero dizer, pegajoso. Mas apresentar um romance entre dois jovens saudáveis que se conhecem desde a infância, por conta de um terrorismo doméstico, por conta de andróides — aqui abordando o transumanismo, foi no mínimo broxante.
A própria questão da tecnologia foi pouquíssimo abordada, e tudo acaba sem uma explicação clara, ou propósito definido. Akira acorda trocentos anos no futuro, e acaba sendo resgatado por uma androide, que ironicamente tem a personalidade de sua amada — e então, parece que o romance será entre um humano, e uma robô com a personalidade de Tawasa.
Sinopse:
Em um futuro pós-apocalíptico, Akira Himegami desperta de um sono criogênico 200 anos após ter sido congelado. O mundo que ele encontra é dominado por uma organização chamada OWEL, onde até os casamentos são controlados. Ao acordar, ele conhece Yūgure, uma andróide que é idêntica à sua amada do passado, Towasa Ōmaki. Sem entender o que está acontecendo, Akira embarca em uma jornada ao lado de Yūgure, tentando descobrir o destino de Towasa e compreender as novas regras dessa sociedade futurista
Expectativas:
Se é que dá para ter expectativas, visto que não tive a menor conexão com o enredo, já que ele aponta em três eixos distintos, e nenhum deles com alguma conexão, sei lá o que falar nesta. A animação é decente, os traços são legais, e tirando o momento de “percepção física amorosa” de Tawasa, não vi nada de mais. É um romance que mais parece ter saído de registros da minha vida privada, de tão fraco, fiquei realmente confuso com o que esperar aqui. O anime está sendo transmitido no Brasil pela Amazon Prime Video, sem dublagem.
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