Review: Code:Realize – Sousei no Himegimi Anime junta um maravilhoso contexto histórico com uma história simples e que funciona.

Vitor Nascimento
(Podcaster)
@ifusic
©M.S.C/Hideyo Yamamoto

Code:Realize – Sousei no Himegimi – Ficha Técnica

Gênero: Aventura, Fantasia, Josei, Romance
Estúdio: M.S.C
Baseado em: Visual Novel
Número de Episódios: 12
Estreia: 2017 | Temporada de Outono

Desde quando eu fiz minhas primeiras impressões sobre Code:Realize, acabei criando altas expectativas para com o anime. Antes de ver o primeiro episódio, não estava muito animado, entretanto, foi vê-lo para entender que, essa obra, certamente teria o seu valor.

A começar pela trilha sonora. Um tom épico é apresentado durante certas cenas. Os temas de abertura e encerramento são muito bons também. Kalmia, música de abertura que é cantada por Mia Regina, é agradável e envolvente. Tudo trabalha de uma forma unidirecional para deixar a obra com qualidade.

A fotografia é pontual, simples e objetiva. Entretanto, tudo tem uma ótima transição quando necessário. Muito cinza é utilizado sobre cores que, normalmente, seriam vivas. O clima que o anime quer passar é de angústia e sofrimento ao mostrar o passado de Cardia, por exemplo, e isso é retratado sempre com esse teor mais melancólico. Os filtros mais escuros prevalecem na maior parte do tempo, contudo, existem personagens que não têm profundidade emocional.

Impey, o alívio cômico, sempre está sobre tons claros que representam entusiasmo. A cor que prevalece sobre ele é o laranja, que representa exatamente isso. Tirando ele, todos têm um passado que não gostariam de lembrar e percebemos esse peso através da fotografia muito bem-executada.

O contexto histórico é a antiga Londres. Como um amante de História, o anime me ganhou principalmente nesse quesito. A direção de arte deu um show represando os requintes da época, seja nos trajes ou nos cenários sempre representados da devida forma. Víamos a decadência da parte pobre da cidade em contraste a soberania dos poderosos, principalmente da mansão da rainha. Em alguns episódios, vimos Londres como plano de fundo em um contraste cinza-alaranjado, mostrando as gigantescas chaminés da época. Um visual que não impressiona aos mais leigos, entretanto, consegue passar aos mais perceptivos o verdadeiro peso do auge da revolução industrial.

Quando você reúne grandes ícones da história como Van Helsing, Sherlock Holmes (que no anime era Herlock Sholmès), Drácula e Frankstein, a direção não pode fazer feio. E Hideyo Yamamoto não fez! Desde o primeiro episódio temos planos valorizando as habilidades desses ícones. Arsène Lupin, o protagonista, o cavaleiro ladrão que rouba qualquer coisa, tem planos que favorecem sua agilidade e destreza. Victor Frankstein, que aqui é um cientista, tem uma valorização nos detalhes de suas criações e por aí vai.

A ação do anime também é bem pontual e, exatamente nesse ponto, soma para obra ser muito boa. Quem gosta de ação curte ver um “porradeiro” muito louco, sobretudo, eventualmente teríamos brigas aqui. E tivemos! Porém, para não forçar a barra e nem o orçamento, o que poderia gerar erros de animação grotescos, o roteiro e a direção trabalho muito mais na tensão psicológica antes dos embates. Temos, por exemplo, Lupin frente-a-frente com Herlock em um episódio de sequestro de trem. Não espere um embate épico. Agora, a maneira que a inteligência dos dois é utilizada é sensacional e o anime continua somando pontos.

Cardia sofre com o veneno que percorre seu corpo. Sem poder tocar seus amigos, ela fica de mãos atadas, literalmente, sobre esse caso. Agora você se pergunta, em um anime com tantos ícones masculinos, a protagonista feminina vai ficar estática né? Errado! Se você pensou que a Cardia seria só mais uma mocinha chorona, errou feio meu amigo. A garota aprende a lutar e a se defender por contra própria. O que a torna útil em várias situações durante a trama. Ela não paga de chorona que tem que ser defendida, mas sabe se defender e ajudar nas missões. Seu crescimento, desde a garota indefesa do episódio um até a moça cheia de ímpeto no episódio final é fascinante de se assistir.

Lembra que eu falei que o roteiro é simples? A reta final entra naquele velho clichê do embate final, contudo, o que foi construído antes deixa tudo com bastante sentido e tira o anime da mesmice. Até a metade do anime, somos apresentados a um por um. Cada um com seu passado obscuro. O mais pesado talvez seja o do Van. Ele tinha tudo para ser aquele personagem Overpower chato que fica tirando com os outros. Sobretudo, mesmo sendo um dos mais habilidosos do time, demonstra sempre humildade e nunca soberba. De qualquer forma, o trabalho de equipe de todos é o que contagia nessa obra.

Uma coisa eu garanto, se você aprecia obras com um tom mais sério, Code:Realize é uma excelente pedida para você. Verá investigação, sequestro de trem, conspiração e uma trama simples, porém, com algumas complexidades que te envolvem. O final é fechado e me agradou muito. Fiquei muito emocionado com o que ocorre nos minutos finais e também com aquele gostinho de quero mais.

Entretanto, se você não aprecia obras mais sérias, esse anime pode acabar parecendo chato para você, logo, é melhor não se estressar, certo? Depois não venha dizer que não avisei. Por fim, Code:Realize foi uma das obras que mais senti satisfação assistindo essa temporada. Só não carimbo a o anime como “obra-prima”, pois só perdeu, em minha opinião, para Mahoutsukai no Yome.

Nota: 10 – Excelente 


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