Review: Konohana Kitan O belo e calmo anime das garotas raposa.

Vitor Nascimento
(Podcaster)
@ifusic

Konohana Kitan – Ficha Técnica

Gênero: Slice of Life, Fantasia, Shoujo Ai
Estúdio: Lerche
Baseado em: Mangá
Número de Episódios: 12
Estreia: 2017 | Temporada de Outono

O anime Konohana Kitan conta-nos a história de Yuzu; uma pequena, meiga e atrapalhada Kitsune (significa “raposa” em japonês) que é enviada para trabalhar em uma pousada chamada Konohana-tei. Lá, ela encontra várias outras garotas que servem ao domicílio, e é da interação entre nossa protagonista com elas e, com os diversificados (muitas vezes peculiares) clientes que aparecem por lá ao longo dos episódios, que é construída toda a narrativa.

Em relação aos aspectos visuais, sem dúvidas, a equipe fez um ótimo trabalho, mantendo o design dos personagens bem consistente. A estética em si é bastante agradável, com um estilo de traço mais jovial e fofinho. Característico dos animes “moe”, mas que ainda assim consegue ser bonito e charmoso.

A animação também não deixa a desejar, contando até mesmo com momentos mais inspirados e fluidos. O diretor Okamoto Hideki já havia trabalhado como diretor principal em algumas produções do estúdio Feel e do TMS Entertainment, mas com Konohana ele mostrou ter afinidade com o estúdio Lerche, administrando com excelência o anime.

©Lerche

A música “Kokoro ni Tsubomi”, utilizada como tema de abertura, é executada pela banda eufonius, já bem conhecida pela sua melodia característica presenciada nos seus trabalhos em outras obras, como Clannad e True Tears; ambas possuidoras de openings com um ar mais melancólico. O storyboard dela busca de forma tranquila o dia-a-dia das personagens no Konohana-tei. Já em relação aos encerramentos, tivemos no total cinco delas, sendo algo mudado constantemente entre os episódios; elas tiveram em comum o fato de que todas são cantadas pelas seiyuus que personificam a voz das personagens principais.

Uma coisa que influencia bastante na hora de escolher algo para assistir é saber com antecedência o estilo da narrativa. No caso, Konohana Kitan opta por executá-la em um estilo mais episódico; esse fato pode acabar afastando algumas pessoas, visto que, os conflitos de um episódio não costumam interferir tanto no seguinte. Também há a questão de que é uma obra muito lenta, destrinchando suas tramas de uma maneira calma. Com isso, deduz-se que o entretenimento obtido com este anime é diretamente proporcional à afinidade que tens com o gênero slice of life.

Os episódios costumam seguir uma certa estrutura (apesar de haver exceções), que consiste na chegada de um cliente/visitante ao estabelecimento, mostrando após isso a relação e troca de influências entre eles com as kitsunes que lá trabalham, procurando sempre alcançar o desenvolvimento dos envolvidos. Além disso, há o aprofundamento dos laços entre as garotas, que é feito de maneira realmente bonita.

Cada uma delas tem uma caracterização definida. Apesar disso, algumas possuem um background mais aprofundado em relação às outras. Um exemplo disso é a personagem Satsuki, que tem um certo dilema com sua irmã. Isso é tomado como foco em mais de um episódio, algo digno de nota devido ao caráter episódico do anime.

©Lerche

Além da nossa protagonista e da Satsuki, há a apessoada, vaidosa e de cabelos rosas Ren, a pequena Sakura, a extrovertida Natsume e a experiente Kiri, ambas funcionárias que trabalham para a Ookami na pousada.

Algo que considero um diferencial muito interessante é a riqueza mitológica presente em Konohana Kitan. Existem diversas referências ao Kojiki, que para quem não sabe, é um dos primeiros registros mitológicos escritos do Japão; ele contém inúmeras amostras da cultura tradicional do país, desde épicos sobre deuses e criaturas, até lendas típicas nipônicas.

No anime, somos imersos em todo um contexto que para nós é exótico; experimentamos lá diversas divindades desconhecidas, contos, pessoas e costumes que não nos é familiar. O próprio conceito de Kitsune, a “espécie” das nossas protagonistas, é algo próprio das crenças e tradições do Japão. Na imagem abaixo, está a deusa xintoísta Awanami, que costuma passar na pousada de tempos em tempos para descansar; isso porque a hospitalidade e as fontes termais do Konohana-tei são muito bem conceituadas.

©Lerche

Também há algumas insinuações ao Yuri, mas não chega a ser nada explícito, são apenas momentos um pouco mais sugestivos. Para quem gosta de “shippar” garotas, definitivamente não sairá perdendo com esse anime.

©Lerche

A maioria das situações que a obra aborda são realmente belas, mas infelizmente não muito marcantes. Com exceção de um ou dois episódios, especialmente o oito, sobre o qual pode-se dizer, sem exagero, que vale a pena assistir o anime por sua causa, já que possui reviravoltas e conexões bastante fortes, sem perder, todavia, a atmosfera aconchegante que é uma das características principais da história. Porém, ao ver a grande qualidade mostrada neste episódio, acaba sendo inevitável o pensamento de “pô, bem que todos os episódios poderiam ser assim, hein!?”.

Uma coisa admirável que o anime fez, foi soltar naturalmente pequenos detalhes em cada episódio para o expectador entender o funcionamento daquele mundo e a relação dele com o mundo real. Isso sem a necessidade de diálogos expositivos ou um possível narrador; isso é sinal de um roteiro bem-escrito. O final, apesar de não ser definitivo (afinal o mangá continua sendo publicado) foi satisfatório, entregando um intrigante “plot twist” e exaltando a forte relação que a Yuzu construiu com as pessoas de lá em sua estadia.

Pela observação dos aspectos expostos, conclui-se que Konohana Kitan é um anime feito para um público-alvo específico; em nenhum momento ele deixa de ser o que propõe: um Slice of Life puro. Dificilmente quem não gosta tanto do gênero achará a obra agradável, sendo possível imaginar com facilidade alguém dormindo ao assistir. Contudo, se você faz parte desse público, será sem dúvida nenhuma, uma experiência prazerosa acompanhar o cotidiano das kitsunes.

Nota: 7 – Bom

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