Animes: Construção Moral e Social Entenda a importância dos animes na formação social do indivíduo.

Daniel Orien
(Redator de Blog)
@odanielorien
One Piece
© One Piece/Toei Animation

Antes de tudo, precisamos entender que animes e mangás são muito mais do que puro entretenimento. Assim como nos filmes, séries e livros, os animes devem ser vistos, principalmente, como uma vertente de construção social, moral e como forma de expressão. Aliás, muito deles são inteiramente recheados de conceitos e críticas culturais, sociais e filosóficas sobre o universo que estamos inseridos.

Colocar o dedo na ferida? Sem dúvidas. Essa é a intenção do texto. Entendo que esse seja a melhor forma para evoluirmos o pensamento da comunidade Otaku, como um todo. Existem inúmeros problemas que muitos de nós, que escrevemos e de certa forma influenciamos, afirmamos e até incitamos ideias, fingimos não enxergar ou preferimos não debater com receio de perder alcance do público.

Dragon Ball Z
© Dragon Ball Z/Toei Animation

Isso é demonstrado por exemplo, quando buscamos alinhar os conceitos sociais de bom senso, ao que vemos em algumas obras. Objetificação de personagens femininas em anime e mangás e sexualização de personagens infantis são exemplos de questões que não deveriam sequer gerar divisão entre a comunidade. O que é errado, é errado. Porém, enquanto o mundo apresenta novas diretrizes que buscam eliminar esse tipo de conteúdo de dentro do entretenimento visual, ouvimos, dentro da comunidade, ataques carregados de ódio ao formadores de opinião que tentam alertar seu seguidores que machismo é errado e que este  compromete o bem estar social; que alimentá-lo no entretenimento é concordar com ele no mundo real. Felizmente muitos de nós não possuem o receio de se posicionar e lutar pelo o que é certo.

Inclusive, esse é um excelente tema (sexualização nos animes) para aprofundar e explanar minha opinião, mas deixarei para uma próxima oportunidade. O Brasil e o mundo estão em total ebulição e precisamos conversar sobre outro ponto totalmente necessário.

Não cabe aqui e em nenhum outro lugar, felizmente, o famoso argumento, de que não se mistura anime com política. Engana-se quem pensa assim. Direta ou indiretamente, somos frutos de política. A sociedade como grupo, por si só já é fruto de um viés político. Deixando mais claro, se trata muito mais do que somente partidos e figurões, são ideais, pensamentos e ideologias, capazes de nos moldar, mover e mudar a direção em que caminhamos.

Mob Psycho 100
© Mob Psycho 100/Bones

Sinto informar, mas se você ainda não enxergou esse ponto ou prefere não compreender certas situações, além de não perceber o mundo a sua volta e de como as coisas tem funcionado, talvez você também tenha entendido certas obras de maneira equivocada, ou não tenha realmente compreendido a verdadeira mensagem que tentam te dizer e ensinar.

Aprendemos desde criança, com nossos heróis e personagens favoritos, que o mundo ideal é onde as pessoas possam ter liberdade, direitos iguais e onde vidas realmente importam sem serem privadas de existir, seja qual for o motivo. Vemos isso em diversas obras hollywoodianas e isso não é diferente dentro dos animes, tokusatsus e obras japonesas.

Desde pequenas mensagens, como em Mob Psycho 100, onde somos ensinados e conduzidos a nos importamos com nossos sentimentos e o de quem está ao nosso redor, mesmo que não seja do nosso grupo de convívio (vide a decisão de Mob em não exorcizar uma família de espíritos ao se questionar se era necessário tal ação, já que não haviam feito mal a ninguém), até mensagens mais claras e politicas como a luta de diversos personagens contra governos totalitários e opressores como em One Piece e Full Metal Alchemist, nos é passado a mensagem de que nada importa mais do que a liberdade e a igualdade de diretos, tudo acontecendo de forma democrática.

Boku no Hero
© Boku no Hero/Bones

Você pode até afirmar que boa parte dos autores japoneses não fazem as obras buscando levantar bandeira de partido a ou b, e eu concordo com esse pensamento. O ponto é que isso não se trata de uma causa partidária e sim de uma razão social na qual eu, você, e o seu vizinho somos diretamente afetados e impactados. Certas concepções de mundo e seus ideais nos rodeiam todos os dias. Inclusive a mim, Daniel Orien, que escreve esse texto. Imagine então aos autores das obras que amamos e conhecemos. É impossível negar que não sejamos impactados pelo mundo em que estamos inseridos. Toda nossa visão e opinião são frutos de politização que vivemos desde os primeiros conceitos sobre sociedade.

Como negar, por exemplo, que Godzilla foi feito, para o fim de criticar a humanidade? A mensagem de que a humanidade não havia dado certo e que o Godzilla estava correto em destruí-la é reta e clara. Sabe quando o Monstro foi criado? Logo após o ataque atômico dos EUA ao Japão. Obra politizada não é mesmo?

Do que se trata uma das maiores sagas de Dragon Ball Z? Os heróis buscam enfrentar um vilão que viaja de planeta a planeta, destruindo-os, colonizando-os e muitas vezes matando e escravizando pessoas. Sim, estou falando de Freeza. Isso não é política?

Ou mesmo One Piece, que aborda temas como: absolutismo, pobreza, racismo, corrupção, governos totalitários que massacram o povo, exaltação do papel da história e do historiador e muitos outros. Se isso não é politica eu não sei o que é.

Naruto
© Naruto/Pierrot

Somos seres políticos, politizados, ou pelo menos deveríamos partir desse pressuposto. Os heróis estão aí para nos ensinar e mostrar em qual lado devemos estar, engajados na luta pelo bem estar social, pela liberdade e pela democracia. Ao contrário disso, só encontra-se a intolerância, o preconceito e as injustiças contra a vida.

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