As Dificuldades Dos Animes Na TV Brasileira (Parte 1) Entenda os reais problemas que separam a televisão dos animes.

Daniel Orien
(Redator de Blog)
@odanielorien
Yu Yu Hakusho
© Yu Yu Hakusho/Pierrot

Band Kids, TV Globinho, Fox Kids, Animax, são canais que fizeram parte não só da minha, mas da infância de muitos de nós, otakus da geração anos 90 e início dos anos 2000. Hoje a realidade dos animes na tv (aberta ou por assinatura) é bem diferente. Com exceção do Crunchyroll Tv, no canal Rede Brasil, que transmite 2 episódios diários, das 20:00 as 21:00 não existe nada com certa regularidade e continuidade passando na telinha. Você entende o real motivo disso ocorrer? No artigo, dividido em 2 partes, busco esclarecer os problemas e erros que geraram a fuga dos canais em adquirir e transmitir nossos queridos animes.

1- Falta de Divulgação

Monster Rancher
© Monster Rancher/TMS Entertainment

Existe um grande erro de planejamento por partes das empresas televisivas quando se trata de animes e demais obras japonesas. Não é preciso sequer ser um expert (eu não sou), ou um estudioso da área para entender isso. Transmitir um anime e esperar que por si só a notícia chegue ao público alvo é no mínimo inocente.

O público otaku não está na TV. Ele está na Internet. Aí entra um outro paradigma que até os dias de hoje não foi resolvido. Os canais de televisão parecem se recusar a entender o poder de marketing que a internet possui. Esse é inclusive um dos fatores de crescimento de serviços de streaming e a diminuição das TV’s por assinatura. Tudo é mais acessível, diversificado e a distância de um clique.

Independente da série, você sabia que a Band transmite animes nas manhãs dos domingos? Já viu ou ouviu alguma propaganda sobre isso? Se não, qual o real motivo? Eles não anunciam? Você não assiste TV ? Ou os dois? Creio que exista um erro de leitura e observação dos canais quanto ao seu público-alvo. Pela história do crescimento dos animes no Brasil, através de sites de downloads, é perceptível onde o público realmente se encontra. Os animes nunca chegarão a ter resultados expressivos de audiência se os canais não entenderem e fizerem um estudo de como agregar público.

2- Programas de variedades geram mais patrocínio e lucro

Dragon Quest
© Dragon Quest/Toei Animation

Quer você queira, ou não, o mundo televisivo é um verdadeiro negócio. E em muitas vezes se resume a isso: números. Seja ele de audiência ou de dinheiro em caixa. O empresário, patrocinador e investidor não querem perder um 0 sequer. E é aqui que entra a eterna batalha que até hoje domina a internet: Encontro x TV Globinho. Não vou aqui levantar bandeira pro saudoso programa infantil ou para o comandado por Fátima Bernardes. Vamos tentar enxergar a discussão olhando pro bolso dos canais de TV e de quem coloca o dinheiro lá dentro.

É verdade que o número de empresas no Brasil que trabalham com produtos em baseados em animes é reduzido. Imagine então esses mesmos conseguirem um espaço, conquistado por altas cifras, na TV aberta. É tudo uma questão de custo benefício. É necessário, por parte dos canais, contratarem as obras através das empresas que licenciam os produtos e gerarem lucro com elas.

Pense então no quanto compensa fazer um programa de culinária ou variedades, de baixíssimo custo em comparação as obras japonesas e ainda conseguir ter um leque maior de opções de patrocínio, desde produtos de limpeza até venda de carros e muitos outros? Se você fosse um dono de canal de televisão, pelo o que você optaria? Algo que te dará um pequeno lucro, ou até mesmo algum prejuízo, ou um programa, onde é possível vender com maior facilidade minhas cotas de patrocínio? Esse é o capitalismo e é assim que essas empresas televisivas operam. É melhor uma menor audiência que gere mais patrocinador, do que uma audiência maior que me traga menos dinheiro em caixa

3- Afinal, quem é o público alvo?

Sailor Moon
© Sailor Moon/Toei Animation

Esse talvez seja um dos maiores problemas, não só dos animes, mas de outras obras japonesas, como os tokusatsus, na TV aberta brasileira. Não irei afirmar, pois nesse ponto me baseio em apenas percepções que fiz ao analisar e acompanhar as programações.

Os canais de televisão, parecem ainda não terem entendido qual o seu verdadeiro público alvo. Ao transmitir séries como Jaspion, Changeman e Jiraiya é preciso saber com quem esses programas irão se comunicar. O público alvo é a geração anos 80, 90, ou são crianças 2010 pra cá?

Por outro lado, muitas empresas ainda não conhecem esse mercado. Apesar de sermos considerados, um nicho, vivemos em um país com mais de 210 milhões de habitantes. Todo, ou pelo menos a maioria, dos nichos em nosso país, possuem uma grande aceitação de adeptos.

Segundo o G1 e o Diário do Litoral, o último Anime Friends (Maior evento otaku da América Latina), teve um público com mais de 60 mil pessoas. Isso dá 15% a mais do que o evento de 2018. Um excelente termômetro ocorreu no painel da Netflix no Anime Slate de 2017, onde o Brasil ficou classificado como um dos 5 países que mais consumem anime no mundo dentro da plataforma.

E tem mais, de acordo com o Similar Web, portal que busca analisar os números de engajamento de outros sites, o Brasil é o segundo colocado em números de acessos ao Crunchyroll, sendo responsável por 6,67% dos usuários, perdendo apenas para os EUA. Se formos contar então a quantidade do publico que assiste animes de forma ilegal, o número de otakus explode.

4- Fim da primeira parte

Bucky
© Bucky/ Softx Trans Arts

Chegamos ao fim da primeira parte. Obrigado a você que chegou até aqui. Na segunda parte do artigo, que estará disponível semana que vem, falarei um pouco mais sobre: as leis de publicidade infantil; o custo beneficio dos direitos autorais e a importância do streaming nesse novo e atual momento do entretenimento.

Gostou do post? Quais suas opiniões sobre o assunto? Quero conversar com você. Deixe seu comentário. Até a próxima!!


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