Orange: Uma adaptação à volta no tempo

Orange, sem sombra de dúvidas, é um dos melhores animes dos últimos anos. A série é baseada no mangá escrito e ilustrado por Ichigo Takano e publicado, no Brasil pela editora JBC. No texto, citarei pontos que chamam a atenção no anime, disponível no Crunchyroll.

1 – Ótimo enredo

Orange é um mix de sentimentos, daqueles que faz você passar da raiva às lágrimas em minutos. Simples, mas de coração enorme, a série, conta a história de uma garota chamada Naho. A protagonista do anime, começa a receber cartas de si mesmo, porém vinda de 10 anos do futuro. O teor das cartas, busca alertar Naho, na tentativa de evitar a morte de um colega que acabara de chegar à escola em que estuda: Kakeru.

A essência da trama pode até parecer clichê (um grupo de amigos em um ambiente escolar), mas não se deixe enganar. O anime é bastante profundo e sentimental. A trama por si só já é muito interessante, visto que tudo o que é contado, gira em torno de Naho e seus amigos na busca por manter Kakeru vivo e feliz.

Manjado? Talvez! Mas não existe problema nisso. Nem sempre é necessário originalidade ou criar algo mirabolante. Basta ter noção e percepção de como encaixar uma boa história. É preciso desenvolver da forma certa, e é isso que ocorre tanto na obra original de Orange, quanto no anime.

2 – Ótimo desenvolvimento dos personagens

O grande trunfo de Orange, se encontra no desenvolvimento de seus personagens. O trio de protagonistas, (Naho, Kakeru e Suwa) é muito bem aprofundado e construído. Nada de diálogos fracos, ou a série se apoiando em uma temática (suicídio) para desenrolar a trama. Ao longo dos episódios, temas como: relacionamentos, sentimentos, a importância da amizade e as consequências de uma vida de solidão, são abordados de maneira até bem clara e direta. Esses pontos são gatilhos para a criação de personagens mais abrangentes e pouco rasos.

Além disso, os personagens secundários não são deixados de lado. Muito pelo contrário, é de suma importância, suas participações, nas dinâmicas de interação e desenvolvimento da trama. Inclusive, é muito interessante a forma como o anime explora as personalidades de cada um deles, seus problemas, suas dores, suas motivações, dentre outros.

3 – Desconstrução da viagem no tempo

O anime busca lidar de uma forma bem diferente do usual padrão sobre histórias de viagem no tempo. Em Orange, não espere que algum viajante do tempo tome controle do seu corpo no passado e busque resolver as situações que o afligem (O que é o caso de Erased, um grandíssimo anime, e que por sinal, falei um pouco mais “Aqui”.) Na série, os viajantes do tempo não são pessoas ou aventureiros e sim as cartas destinadas a Naho.

São elas, as cartas, responsáveis por serem o fio condutor na tentativa de resgate da vida de Kakeru, indicando todas as ações que a protagonista precisa tomar para que tudo ocorra diferente do que ocorreu no futuro. Ao longo dos episódios, é deixado claro qual a visão do autor sobre viagem no tempo, visto que existem muitas teorias baseadas na modificação do espaço-tempo, como multi-verso, dentre outros.

4 – Excelente dinâmica dos episódios

Cada episódio é o detalhamento do acontecimento descrito em uma das cartas. O anime possui 13 episódios com cada um deles descrevendo uma carta e o que deveria e poderia ser modificado naquela realidade. Orange se torna dinâmico, justamente por esse motivo. Cada episódio possui um novo acontecimento que é inteiramente ligado a morte ou vida de Kakeru.

Esse fato transforma o anime, que passa bem longe de ser uma série chata e enfadonha. Ele é muito bem trabalhado na dinâmica. Não estou dizendo que o anime se torna um ótimo thriller de suspense, onde a cada cena você perde o fôlego. Essa não é a proposta. A obra te dá uma melhor e maior noção de que toda e qualquer ação cometida, independente de quem seja o agente, possuirá uma consequência. A vida é uma grande soma das ações que tomamos e das decididas por terceiros. O enredo escancara isso ao longo dos acontecimentos.